terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sitra Ahra - Therion


Considerando os rumos musicais dos últimos anos, a perspectiva de um novo álbum do Therion já não evoca grandes emoções de antecipação em boa parte dos antigos fãs. Talvez um estado de indiferença, resultado da semi-letargia provocada por seu último álbum de estúdio, “Gothic Cabbalah”, lançado em 2007 e com uma sonoridade bem mais acessível, se comparada com seus antecessores.
“Sitra Ahra” é seu 11° álbum de estúdio e já levantou investigações e acalorados debates depois que foi divulgado que sua temática seria puramente cristã (???). De qualquer forma, a maioria destas músicas foi escrita durante as sessões de "Sirius B" e "Lemuria" (liberados simultaneamente em 2004), e devidamente aprimoradas para a ocasião, tendo na faixa "Kali Yuga III" um bom exemplo deste fato.
Mais multifacetado do que nunca, o Therion expande sua sonoridade, inclusive permitindo que as influências setentistas fiquem mais latentes. E, considerando que a prioridade são os elementos orquestrais e operísticos, o resultado final comprova que se mantém a tendência em reduzir a distorção do Heavy Metal juntamente com a (já saudosa) aura pagã, elemento obscuro e tão interessante que muitos a consideravam como uma característica fundamental em sua proposta.
Mesmo não sendo tão original como no início da década passada, é inegável que “Sitra Ahra”, construído com tanta atenção aos detalhes, possui uma beleza que continua a fascinar – a explosão de idéias na épica “Kings Of Edom” a torna um destaque óbvio. Mas algo incomoda. E o problema não é o fato de o Therion estar alcançando o mainstream, e sim a como estão reagindo a isso.
Todo o gordo orçamento disponível para realizar suas obras está fazendo com que o Christofer Johnsson esteja se tornando uma pretensiosa caricatura do que um dia foi – chega a ser desconcertante a adoção do visual de personagens de um ‘circo itinerante’ – e, pior, afogando sua música na pompa e nos clichês da música sinfônica. Ultra dramáticos, ainda continuam eficazes com as camadas enlouquecedoras de instrumentos utilizados, mas... A que preço?
Mixado por Lennart Ostlund (Led Zeppelin, Abba) no Polar Studios, “Sitra Ahra” é uma aventura musical coesa o suficiente para manter satisfeito o público que o Therion conquistou a partir de “Gothic Kabbalah”. Já os antigos admiradores de sua arte poderão considerar este disco apenas bom o suficiente, o que é muito pouco para quem já produziu os inspirados “Deggial” (00) e “Secrets Of Runes” (01).


Therion - Sitra Ahra
(2010 - Nuclear Blast Records / Laser Company Records - nacional)
01. Introduction/Sitra Ahra
02. Kings Of Edom
03. Unguentum Sabbati
04. Land Of Canaan
05. Hellequin
06. 2012
07. Cú Chulainn
08. Kali Yuga, Pt. 3
09. The Shells Are Open
10. Din
11. After The Inquisition: Children Of The Stone


Formação:
Thomas Vikström - voz
Christofer Johnsson - guitarra e teclados
Christian Vidal - guitarra
Nalle "Grizzly" Påhlsson - baixo
Johan Koleberg - bateria
Convidados:
Snowy Shaw - voz
Lori Lewis - voz
Linnéa Vikström - voz em "Sitra Ahra", "Kings Of Edom" e "Hellequin")
Marcus Jupither - voz em "Hellequin"
Petter Karlsson - voz em "2012"
Mika ‘Belphagor’ Hakola - voz agressiva em "Din"

3 comentários:

  1. Cada vez mais perfeito seu espaço aqui... adoro!

    Queria agradecer seu carinho e sua presença sempre constante lá no meu blog, obrigado meu querido!

    Beijos sangrentos da vampira Laysha.

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  2. Sem querer defender a banda mas apenas fazendo um adendo, as musicas do Sitra Ahra foram bem trabalhadas e possuem muitos elementos pagãos. So que ao invés de cair na mesmice, e falar sobre a mitologia nórdica(como quase todas as bandas desse gênero fazem) eles utilizaram o paganismo dos povos semitas, que em parte foi herdado pelos ocidentais(O paganismo dos povos semitas apesar de ser pouco conhecido na cena, é muito interessante)
    Os semitas são o mesmo povo que atualmente vive no oriente médio(por incrível que pareça) já foram pagãos!
    E a sua mitologia era permeada de semi-deuses,artefatos, monstros e magia. Quando olhamos uma musica como o Sitra Arha vemos que até hoje existem resquícios dessa época na cultura deles e no ocultismo ocidental(Como a Cabalah que também possui um lado obscuro)
    Abraço a todos

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