As gárgulas, na arquitetura, são desaguadouros, ou seja, são a parte saliente das calhas de telhados que se destina a escoar águas pluviais a certa distância da parede e que, especialmente na Idade Média, eram ornadas com figuras monstruosas, humanas ou animalescas, comumente presentes na arquitetura gótica. O termo se origina do francês gargouille, originado de gargalo ou garganta, em Latim gurgulio, gula. Palavras similares derivam da raiz gar, engolir, a palavra representando o gorgulhante som da água; em italiano: doccione; alemão: Ausguss, Wasserspeier.
Acreditava-se que as gárgulas eram os guardiões das catedrais e que durante a noite, ganhavam vida.
Uma quimera, ou uma figura grotesca, é um tipo de escultura similar que não funciona como desaguadouros e serve apenas para funções artísticas e ornamentais. Elas também são popularmente conhecidas como gárgulas.
História:
O termo gárgula é majoritariamente aplicado ao trabalho medieval, mas através das épocas alguns significados de escoar a água do telhado, quando não conduzidos por goteiras, foram adotados. No antigo Egito, as gárgulas escoavam a água usada para lavar os vasos sagrados, o que aparentemente precisava ser feito no telhado plano dos templos. Nos templos gregos, a água dos telhados passava através da boca de leões os quais eram esculpidos ou modelados em mármore ou terracota na cornija. Em Pompéia, muitas gárgulas de terracota que foram encontradas eram modeladas na forma de animais. Uma lenda francesa gira em torno do nome de São Romanus (“Romain”) (631 - 641 D.C), o primeiro chanceler do rei merovíngio Clotaire II, que foi feito bispo de Ruão. A história relata como ele e mais um prisioneiro voluntário derrotaram Gargouille, um dragão-do-rio (ou serpente-do-rio) que vivia no rio Sena, em Paris, e que comia navios. Um dia, o bispo atraiu a Gárgula para fora do rio com um crucifixo, até à praça principal. Lá, os aldeões a queimaram até a morte. Apesar de a maioria ser figuras grotescas, o termo gárgula inclui todo o tipo de imagem. Algumas gárgulas são esculpidas como monges, outras combinando animais reais e pessoas, e muitas são cômicas.
Séculos XIX e XX
Gárgulas, ou mais precisamente quimeras, foram usadas na decoração no século XIX e no começo do século XX em construções de cidades como Nova Iorque e Chicago. Gárgulas podem ser encontradas em muitas igrejas e prédios. Uma das mais impressionantes coleções de gárgulas modernas pode ser encontrada na Catedral Nacional de Washington, nos Estados Unidos. A catedral iniciada em 1908 é encrustada com demônios em pedra calcária. Essa coleção também inclui Darth Vader, um político entortado, robôs e muitas outras modernizações da tradição antiga. No século XX, o neogótico produziu muitas gárgulas modernas, notavelmente na Catedral da Sé, Universidade de Duke e na Universidade de Chicago.
Função
Apesar da introdução deste elemento arquitetônico se dever à necessidade de escoamento das águas, as suas funções não se limitaram a isso. Existem muitas em que é duvidoso terem, algum dia, servido para esse fim e outras que não estavam sequer ligadas a sistemas de drenagem, sendo puramente decorativas. Por isso encontramos opiniões que defendem a utilização do termo gárgula apenas para os casos em que houve uma intenção utilitária, apelidando os elementos meramente decorativos, de “quimeras”, nome também usado para gárgulas representando seres fantásticos fruto da mistura de características de vários animais. Mas, a grosso modo, podemos classificar as suas funções em:
· – Elemento de drenagem das águas
· – Figuras com intenção didática para a generalidade da população iletrada da época medieval, sendo símbolos de forças maléficas e tentações pecaminosas.
· – Proteções dos edifícios e da população contra espíritos do Mal.
· Não podemos hoje, no entanto, compreender integralmente o significado das gárgulas. Sabemos que não há duas iguais e as opiniões dos estudiosos diferem como tudo o que tem por base unicamente a especulação.
Poderiam ter simbolizado que até as criaturas mais horrorosas e maléficas se podem converter ao catolicismo, ser representações de almas condenadas pelos seus pecados, imagens de demónios locais ou espíritos protetores vindos da cultura pagã dessa região, expressão de medos do subconsciente coletivo ou uma mistura de todas estas opiniões.
Há, no entanto alguns factos interessantes a considerar: Primeiro que tudo temos, de ter presente que é uma época em que a imaginação sobre lugares distantes e desconhecidos fazia acreditar em locais habitados por monstros e criaturas fantásticas. Podemos encontrá-los nos bestiários e mapas da época. É por isso natural que essa imaginação tenha sido transposta para a ornamentação das catedrais. Não podemos esquecer-nos que a Idade Média foi um período de uma profunda religiosidade e, os templos serviam para demonstrar a importância do catolicismo em todas as comunidades. Cada cidade queria possuir uma igreja / catedral, mais bonita do que as outras e os artistas empenhavam-se numa decoração exuberante e criativa, fruto do seu imaginário pessoal. Com a cristianização, a Igreja Católica terá aceitado alguns dos símbolos pagãos das comunidades cristianizadas para, mais facilmente, conseguir a sua adesão à nova religião. O Papa Gregório demonstra isso ao dar instruções a Santo Agostinho. "Destruam os ídolos, Purifiquem os templos com água benta. Coloquem lá relíquias e tornem-nos templos do verdadeiro Deus. Assim as pessoas não terão necessidade de mudar de local de culto". Terá assim havido a introdução de símbolos pagãos no imaginário da religião católica.
· Se observarmos as gárgulas existentes nas várias construções góticas europeias, podemos encontrar temas recorrentes com origem em crenças pagãs.
· Cabeças separadas do corpo - os Celtas adoravam cabeças cortadas, acreditando que estas lhes conferiam uma força poderosa.
· Combinação de espécies animais - A falta de conhecimento sobre o mundo levava a imaginação dos homens da época a acreditarem em criaturas bizarras que viveriam em lugares distantes. Podemos encontrar exemplos dessas criaturas fantásticas em bestiários e mapas do mundo desenhados na época.
· Bocas exageradamente aberta - O ato de puxar a boca para a abrir o mais possível é um gesto ameaçador.
· Homens com folhas de plantas (green-man)- Os celtas muitas vezes mostravam cabeças humanas ligadas a folhagem. Ramagens provenientes da boca ou coroando a cabeça eram um sinal de divindade. Muitas vezes, são ramos de carvalho, que era uma árvore sagrada para os Druidas.
· Representações sexuais - O culto da fertilidade através de símbolos sexuais foi uma prática comum das religiões pagãs. Há quem explique a sua integração nas paredes exteriores de templos católicos como uma forma de assustar as forças do mal, apesar de ser uma explicação discutível. Sheelagh-na-Gig, que se encontra em muitas igrejas Irlandesas, é talvez a representação mais obscena.Outro motivo pagão é Cernunnos, um deus das florestas com cornos. Era o Senhor de todos os animais e, mais tarde, a igreja adaptou-o como a representação física do demónio. A sua origem parece dever-se aos deuses com cornos da Grécia Antiga ou à sátira grega.O motivo de um cavaleiro em cima de um cavalo tem origem na mitologia nórdica, em Roma, na Pérsia e na arte egípcia: Horus, muitas vezes representado com uma cabeça de falcão cavalgou ao encontro do dragão-crocodilo para destruí-lo. Esta história tem paralelismos com a imagem de S.Jorge a cavalo, matando o dragão.
Motivos
Podemos distinguir diversos tipos de motivos representados nas gárgulas. Motivos animais que não eram apenas animais conhecidos pelos escultores, mas também animais de terras longínquas (como o macaco) ou animais fantásticos, como os que eram representados em bestiários ou conhecidos por relatos de viajantes. Há animais mais representados do que outros, como é o caso do cão e do leão. Parece haver, por exemplo, uma relação simbólica entre os sete pecados mortais e alguns dos animais representados – orgulho/leão, inveja/serpente, ira/javali, preguiça/burro, ganância/lobo, gula/urso e luxúria/porco –, pelo que a sua observação frequente poderia levar os fiéis a refletirem sobre as respectivas condutas. Motivos humanos que eram frequentemente bizarros e ridículos talvez pela razão de que na Idade Média se pensava que as deformidades físicas eram produto do demónio. Humanos degenerados por terem contatado o demónio ou terem cometido pecados.
Na fase final do período gótico sobressaem sobretudo, as caretas e posturas corporais mais ridículas e menos assustadoras, motivo pelo qual se julga que poderiam ser uma forma de crítica social a personagens locais ou a costumes da época. Criaturas fantásticas, representando misturas de animais eram chamadas quimeras. Algumas terão resultado de animais reais, mas desconhecidos do artista por serem de terras distantes. É o caso do unicórnio, representado em bestiários gregos, que será a representação fantasiosa do rinoceronte.
· O dragão terá sido a figura fantástica mais representada. Geralmente simbolizam o demónio e, apesar de serem retratados de diferentes maneiras, têm algumas características comuns como asas, rabo de réptil, focinho comprido e expressão ameaçadora. O fascínio das gárgulas perdurou para além da Idade Média. Encontramo-las em edifícios modernos já não tanto pela necessidade de escoamento das águas, mas, principalmente, com intuitos decorativos. Um belo exemplo disso são as da Torre do Tombo cujas fotografias apresentam de seguida, assim como alguns exemplos de gárgulas de edifícios góticos portugueses.
Gárgulas na ficção: Na ficção contemporânea, as gárgulas são tipicamente representadas como uma (geralmente) raça humanoide alada como características demoníacas (geralmente chifres, rabo, garras, e podem ou não ter bicos). Gárgulas podem geralmente usar suas asas para voar ou planar, e muitas vezes são representadas tendo uma pele rochosa, ou sendo capazes de se transformar em pedra de um jeito ou de outro, uma referência as suas origens de esculturas. Gárgulas como uma raça distinta aparecem em vários trabalhos de literatura fantástica, como a série Discworld de Terry Pratchett, em Dungeons & Dragons e no jogo de RPG Rifts. Uma das gárgulas que vive no mundo de Discworld conseguiu uma posição na forma policial Ankh-Morpork onde ela ficou conhecida como Constable Downspout. Em A Chave da Harmonia: Rachaduras na Ordem, de Marcello Salvaggio, são uma espécie que convive com elfos e outros seres fantásticos em um passado imaginário da humanidade, existindo três sub-espécies: sentinelas, guardiões e semi-anjos. No romance de Andrew Davidson, The Gargoyle, é abordado um relacionamento entre um astro pornô e uma escultora de gárgulas. A série animada da Disney Gárgulas se tornou bastante conhecida e as gárgulas também fizeram parte na adaptação da Disney do Corcunda de Notre Dame de Victor Hugo. A atriz Adrienne Barbeau interpretou uma gárgula violenta na série de TV Monsters; A atriz Rae Dawn Chong interpretou uma gárgula na forma humana em Contos da escuridão: o Filme. Uma gárgula chamada Firebrand aparece na série Ghosts'n Goblins como um inimigo difícil de derrotar, tornando-se herói em sua própria série Gargoyle's Quest. No RPG descontinuado da White Wolf, Vampiro: a Máscara, os Gárgulas foram não uma raça separada, mas uma linhagem de sangue (um clã menor), de vampiros criados pelos magos do Clã Tremere para servir como guardiões e servos, eles eram resultados de experimentos com membros capturados de outros Clãs, Nosferatu, Gangrel e Tzimisce. Muitas dessas criaturas escaparam de sua escravidão e partiram por conta própria. No mundo das trevas, as Gárgulas foram lançadas como uma linhagem jogável, ao lado dos Caitiff e dos Lasombra antitribu, eles podiam voar e também possuíam habilidades estranhas que eram ligadas a pedra.
que legal nao sabia que eram desaguadoros '-' qro uma xD
ResponderExcluirEu também não sabia que eram desaguadoros. Passam despercebidos nesse aspecto pela sua elegância.
ResponderExcluirSaudações My Lord. Fico enternecida por saber que as minhas palavras o encantam. Agradeço o convite e aproveito para dar os parabéns a este sítio encantador. E ainda lhe trespasso o mesmo convite, visto que lhe agrada as minhas palavras, nada me faria mais feliz do que a sua presença no meu blog, como seguidor.
Me despeço oferecendo-lhe a minha visita e o meu beijo nocturno.
Encantador seu jeito de exprimir por escrito aquilo que se concebe e deseja externar. Deixou-me enlevado.
Excluir"Saudações My Lord. Fico enternecida por saber que as minhas palavras o encantam. Agradeço o convite e aproveito para dar os parabéns a este sítio encantador. E ainda lhe trespasso o mesmo convite, visto que lhe agrada as minhas palavras, nada me faria mais feliz do que a sua presença no meu blog, como seguidor.
Me despeço oferecendo-lhe a minha visita e o meu beijo nocturno".
Desculpe a demora, por algum bug, somente agora vi teu comentário, e agradeço tua atenção com nossas páginas Caio, estarei agora mesmo indo seguir teu blog, volte sempre a nossos aposentos !!!!
ExcluirEu também não sabi que eram desaguadoros. Passam despercebidos quanto a essa função, pela sua elegância.
ResponderExcluirSaudações, my Lord. Fico enternecida por saber que minhas palavras o encantam. Agradeço o convite e aproveito para dar os parabéns a este sítio encantador. E ainda lhe trespasso o mesmo convite, visto que lhe agrada as minhas palavras. Nada me faria mais feliz do que a sua presença no meu blog, como seguidor.
Assim despeço-me com a minha visita, seguindo este blog e oferecendo-lhe o meu beijo nocturno.
Páscoa...
ResponderExcluirÉ ser capaz de mudar,
É partilhar a vida na esperança,
É lutar para vencer toda sorte de sofrimento.
É ajudar mais gente a ser gente,
É viver em constante libertação,
É crer na vida que vence a morte.
É dizer sim ao amor e à vida,
É investir na fraternidade,
É lutar por um mundo melhor,
É vivenciar a solidariedade.
É renascimento, é recomeço,
É uma nova chance para melhorarmos
as coisas que não gostamos em nós,
Para sermos mais felizes por conhecermos
a nós mesmos mais um pouquinho.
É vermos que hoje...
somos melhores do que fomos ontem.
Desejo uma Feliz Páscoa, cheia de paz, amor e muita saúde!
Beijinhos com sabor de chocolate!!!
Muito boa explicação... qro uma[2] =p
ResponderExcluir(amo gárgolas, tenho como passatempo desenhá-las no caderno)
Aprender nunca é demais msm eu nem imaginava que se tratavam de desaguadouros vlw pela informação.
ResponderExcluirFico sempre achando que ganham vida quando chega a noite rsrsr
ResponderExcluirMuito interessante! Ninguém dá o devido valor às gárgulas, seu glamour passa, muitas vezes, despercebido. Tenho um selo pra vc milord, passa lá! Bjs
ResponderExcluirSaudade ... sempre ... aqui ... a saudade e eu de ti.
ResponderExcluiramei saber mais sobre esses seres misteriosos.
ResponderExcluirte adoro viu!!!!
beijos
www.amorimortall.blogspot.com
Oi passa la marquei voce na promoçao
ResponderExcluirhttp://poemasgoticosromenio.blogspot.com/
Olá, Saudaões Arthurianas
ResponderExcluirParabéns pelapostagem. Excelente! Também aquela sua postagem sobre literatura inglesa (imperdível) é de altonível. Novamente,parabéns.
Saúde,Serenidade, Prosperidade,e Vida Longa
FLuizM
(Kabalah)
arshermeticumhumanae.com
Postado ao som do Yes,"The gates of delirium"
Vir aqui é aprender...:)
ResponderExcluirBeijo d'anjo
É ISSO QUE OS HOMENS FALAM QUE NOS TRAZ A FÉ QUE AINDA NÃO FOI DADA(dizem os ateus,eu acho.)
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