segunda-feira, 26 de julho de 2010

Luares tristonhos, ao pé do mar





Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.
 

      Eu era criança e ela era criança,
      Neste reino ao pé do mar;
      Mas o nosso amor era mais que amor --
      O meu e o dela a amar;
      Um amor que os anjos do céu vieram
      a ambos nós invejar.
 

E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para fechá-la num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.
 

      E os anjos, menos felizes no céu,
      Ainda a nos invejar...
      Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
      Neste reino ao pé do mar)
      Que o vento saiu da nuvem de noite
      Gelando e matando a que eu soube amar.
 

Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.
 

      Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
      Da linda que eu soube amar;
      E as estrelas nos ares só me lembram olhares
      Da linda que eu soube amar;
      E assim estou deitado toda a noite ao lado
      Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
      No sepulcro ao pé do mar,
      Ao pé do murmúrio do mar.
 

                               Por Tiago Dotto (Goticus Eternus)

2 comentários:

  1. Nossa,profundo esse poema!!!!
    Tem razão lugares tristonhos nos trazem sonhos e lembranças...e revivemos cada sonho...e a lembrança é pela saudade do amor que partiu mesmo que tenha nos machucado!
    Voltarei mais vezes tá!!!
    Beijão guri lindo

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  2. Aquilo que nos foi importante nunca saíra de nosso coração, apenas o tempo lhe dará uma leveza sublime! Beijo

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